segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Trem



Aquele não era um trem muito grande. Mas seus vagões eram suficientes para muita coisa. Suas viagens eram sempre muito agradáveis, apesar de algumas passarem por lugares um tanto quanto improváveis e até, por que não dizer, fora de rota.

Ainda assim, era um ótimo trem. Cada vagão era determinado pra uma atividade específica. O primeiro era o coração. Lá estavam alojados o motor e também o ma...quinista. Era dali que partiam todas as decisões sobre destinos, partidas e chegadas. Mais as chegadas, nem tanto as partidas.

Tinha ainda um vagão exclusivo para diversão. Jogos, brincadeiras, fantasias, histórias, piadas. Qualquer coisa relacionada ao prazer, tudo estava ali. No seguinte, estava o aconchego, o carinho, o descanso, a amizade, aquele sentimento de bem-estar.

Em outro vagão estava a responsabilidade, o bom senso. Era também o vagão do trabalho, da seriedade. Não era o mais atrativo aos passageiros, mas todos sabiam que era muito importante para compor aquela engrenagem.

Os vagões estavam todos vazios. Ninguém para aproveitar tudo aquilo que a máquina e seu maquinista ofereciam. Sequer um passageiro para viajar pelos lugares mais distantes que o trem e a imaginação do maquinista poderiam levar.

E dessa maneira, o trem perde a força. E pára. E vai ficar ali, emperrado em um trilho qualquer esperando algum novo passageiro. Longe da última parada e sem saber qual a distância para a próxima. E o maquinista esperando o coração da máquina voltar a assobiar aquele alegre “piuííííí”.

Autor:Paulo Palavra

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